sexta-feira, 22 de junho de 2012

Carta para meu avô

Roubada da Internet. Depois posto uma do vovô.


Zé do Carmo,

Gostaria tanto que estivesse aqui para contemplar como as coisas andam na família, mas dentro de quatro meses, a sua partida completará quatro anos. 2012 foi um ano feliz para todos nós. Todos os teus netos estão na faculdade. O Leandro já está formado. Uma pena você não ver os outros três, apaixonados pelo que estudam.

Esse ano você fez uma falta danada, sabe? A mamãe chorou como uma criança na formatura do Leandro e só conseguíamos pensar o quanto seria mágico se você estivesse presente. Com tanta coisa para comemorar, tive que ir diversas vezes à sua antiga casa, onde agora mora o titio.

Você não imagina o quanto é difícil atravessar o portão e não ver a sua figura observando o dia passar. Aquela varanda perdeu a essência desde o dia em que você foi embora. Os domingos passados ali eram enriquecedores.

Com seus cabelos ralos e brancos, seus óculos enormes de aro grosso, sua postura elegante, vestindo sempre calças acinzentadas, cheio de trejeitos e ditos, você me contou as melhores histórias, os melhores casos. Suas palavras, ideias e crenças permanecem em mim até hoje.

Quando partiu, estava no auge dos 74 anos. E você era belo. Uma beleza madura refletida nas rugas que apareceram ao longo dos anos, nas mãos cansadas, nos olhos que viram muita coisa. Um dia, mamãe me mostrou uma foto sua aos vinte e poucos anos. Lindo! Um dos homens mais bonitos que já conheci e eu achei que Deus foi muito injusto ao te levar quando muita gente ainda não tinha visto toda essa graça.

Você era diferente das imagens criadas de todos os avôs de meus amigos. Os outros eram “velhinhos” que davam um pouco de trabalho. Mas você era forte, independente e de uma inteligência invejável. Mas acima de tudo era o meu avô.

E doeu muito quando, de uma hora pra outra, aquele senhor robusto e falante estava em uma cama, dependendo de alguém para tudo. E doeu ainda mais quando, um mês depois, meu pai apareceu no meu trabalho em uma sexta-feira agitada para me avisar que você tinha ido embora.

Quando você estiver conversando com Deus, dê a Ele um recado. Avise que eu já o perdoei por ter te tirado de mim. Hoje eu entendo e agradeço por ter tido a chance de estar 17 anos ao seu lado. Mas Deus precisava de alguém interessante, divertido e meio turrão em sua companhia e resolveu te levar. O vazio vai continuar para sempre, mas as lembranças ajudam a preencher o espaço.

A sua benção. Eu te amo!

Um comentário:

Olá caro viajante!
Não sei como chegou até aqui, mas agora que entrou, deixe suas impressões.
Ria, critique, escreva o que quiser, assim como eu!
Obrigada pela visita. :)